17 de jul. de 2012

10 de jul. de 2012

AOS QUE TEM CORAGEM

                (Junho foi o mês dos namorados e do santo casamenteiro. Junho também foi o mês do meu inferno astral e, por isso, não escrevi nada)
                (Seja homem, Carolina! Admita que em junho você não escreveu nada porque não quis, porque achou que tinha coisa melhor para fazer! Pare de culpar os astros, pois eles não tem nada a ver com isso!)
                (Pois bem: junho foi o mês dos namorados, mês do santo casamenteiro, mês do meu inferno astral e mês da minha mudança de emprego, que me tomou tempo e energia em quantidade suficiente para me deixar sem cabeça para pensar em algo para por na tela do computador...)

                Posto isso, agora conseguirei colocar aqui algo que há tempos eu queria fazer, mas não via oportunidade. Ainda não tenho a oportunidade (da forma clássica do termo), mas estou cansada de não ter motivos para o que estou prestes a fazer.
                Desta feita, segue aqui o que eu sempre tive vontade de escrever em todos os junhos de minha vida, torcendo para que em algum deles alguém adote essas palavras como suas, tal qual eu as adotei como minhas.

AOS QUE TEM CORAGEM
“Meu bem,

                De tudo o que já aconteceu comigo, posso dizer que estar com você é a coisa mais aterradora que já fiz. Sei que uma palavra assim assusta, afinal, quem quer ser descrito como aterrador? Além disso, não combina com uma carta assim. Mas, se aprendi algo nessa vida é que, quando se ama, se faz necessário honrar esse amor com uma respeitosa sinceridade.
                Por este motivo é que te escrevo, para te por o par que a história que construo contigo é algo que me põe à frente de medos, inseguranças e virtudes. Não deposito em você minhas limitações; somente preciso compartilhá-las. Seja gentil, sim? Continue a ler, por favor...
                Como todos os começos, o nosso foi divertido: adorei a leveza com que nos conhecemos. Sorri com meu sorriso mais bonito, olhei por meio de meus olhos mais brilhantes; tudo para mostrar ao mundo (e ao seu mundo) que você estava certo em depositar sua atenção em mim. Não queria fazer você se arrepender disso.
                E você me respondeu. Com o sorriso e o brilho do qual dispunha para me dar. E, para mim, foi suficiente.
                Também permanecemos atentos. Tudo era decifrável e deveria ser investigado e interpretado mas, por fim, tudo, como todos os começos, era apenas desejado.
                E desejamos muito.
                Por fim, largamos o começo para trás e decidimos seguir nossas vidas.
Juntos.
                E foi daí que meu medo aflorou...

                (Como você bem deve saber, quando me deparo com uma situação de medo e incerteza, eu procuro racionalizar tudo. Assim, por favor, permita que eu deposite nesta carta a minha dose de racionalismo, para que você entenda o meu jeito romântico de ser...)

                Estava acostumada só com os começos! Nada além... Minha experiência acabava por aí. Seguir a vida em comunhão com outra pessoa era um desejo novo para mim: uma ideia, um sonho, uma impressão, nada além.
                Em várias ocasiões expus os motivos que arrumei para agir assim. De onde eu vim, havia muito companheirismo, mas não romantismo. Amor era uma palavra muito ligada aos conceitos de Unidade e Lealdade. Pessoas leais não demonstram, necessariamente, paixão por seus objetivos. Logo, Amor virou Dever, Compromisso, Valor. Outros conceitos - como Parceria, Intimidade, Delicadeza - acabaram não entrando na lista de descrições... Amor era Unidade. Célula. Amor era algo indivisível, não multiplicado.
                Vê o quanto é difícil para mim, então, deixar de ser una para ser par?
                PARte? Ah... Que tormento...
                Eu sempre idealizei muito este sentimento. Primeiro, havia pensado que dele era imune, pois dos outros eu sentia apenas descaso. Não era natural imaginar um alguém dividindo a vida comigo pois não era natural eu me imaginar dividindo minha vida com alguém! Se você falar “egoísta”, eu vou concordar. O egoísmo me blindou.
O tempo passou e eu senti vontade de ter uma pessoa ao meu lado, mas me sentia incapaz disso. Não mais por não querer dividir. Eu queria! Só não sabia como... Não recebi instruções e exemplos em número suficiente para me sentir segura. A minha desculpa era duvidar da minha capacidade de me doar de forma eficaz (ai que palavrinha mais fria para analisar um sentimento...)
                Daí, nos conhecemos. Qual não foi o meu espanto quando vi que você queria que eu saísse da posição de “teórica sobre o assunto” para que eu me colocasse na posição de “vem cá, minha nega”?
                Viu agora onde mora o terror?
                Sua coragem em querer continuar comigo me pôs em pânico! Como assim, alguém investiria em minha insegurança, em minha incerteza? Como alguém teria tanta paciência em esperar que eu transpusesse para a realidade - e testasse nela - as minhas ideias sobre o que é ser um casal... Esta sua postura é admirável... É um desprendimento que eu não sei se eu teria capacidade...

(Pronto! Muito obrigada por ter me deixado dar vazão ao meu espanto com nossa história! Prometo que não foi por mal. Acredito que, agora, é dado o momento de eu deixar de contar sobre meus receios e passar a contar sobre meus desejos e demais impressões...)

Bom... Eu gosto de saber que você dorme bem. Às vezes você ronca, mas eu fico satisfeita em saber que você está ali ao meu lado, bem tranquilo. Eu me sinto orgulhosa quando você sorri para mim e me abraça. Eu desejo você. Eu te imagino velhinho e usando dentadura...
                Meu peito se infla quando você quer conversar comigo sobre algum assunto que só um amigo conversaria com outro. Meu peito se alivia quando estamos em silêncio. Isso me acalma.
                Eu me faço bonita para você, pois quero que as outras pessoas percebam que você é um cara merecedor de tanto esmero. Respeito a forma carinhosa como você espera até que eu chegue a uma conclusão (sejamos sinceros: para muitos assuntos eu sou meio lerda, você sabe disso). Até mesmo quando está sem paciência, você me aguarda. Será que você sabe o quanto eu sou grata por isso?
                Eu gosto de quando a gente se beija. E quando estamos juntos, você me faz sentir que eu sou perfeita - mas eu não vou falar mais nada a respeito disso porque eu tenho vergonha, tá?
                Eu até sinto orgulho das nossas brigas! Não gosto de adversários burros. Sei que com você, a conversa rende... Mas não se iluda: há momentos em que você me magoa. Nesses episódios, a única coisa que não me faz te odiar é saber que você é uma pessoa que tem discernimento. Quando a raiva passa, a gente conversa, não é mesmo? Gosto de saber que você tem tato e se preocupa comigo. Por esse motivo é que procuro agir da mesma forma quando eu magoo você.
               
E eu tenho vontade de te mimar. Fico feliz em fazer tuas vontades. É um capricho que eu me dou de presente.
(E... eu acho que você já percebeu isso...)

                Fico por aqui; não há muito mais que eu queira dizer. Por hora, só desejo que a gente continue as coisas que já fazemos. Contudo, caso queira começar alguma coisa e quiser me escolher novamente, pode contar comigo. Afinal, graças a você, agora eu já sei o que acontece depois dos começos...

Um beijo,

Eu"

(em qualquer lugar, a qualquer tempo)

Aldous Huxley



Orgulho e Preconceito - Mrs. Darcy


(...)

(da trilha sonora do filme "Orgulho e Preconceito")

5 de jul. de 2012

1 de jul. de 2012

The Black Keys - The only one


"Esperando que esta seja apenas uma fase"

(para o bem e para o mal, esta sempre será apenas uma fase...)

Alexander Pope e Maurice Merleau-Ponty

"Quando percebo, não penso o mundo, ele organiza-se diante de mim."
(Maurice Merleau-Ponty)