9 de set. de 2020

O TANQUE VERMELHO

 Meu caro, minha cara.


Quando falta água em casa, por algum motivo só causado pela física ou por algum vizinho folgado, o jeito é armazenar água em baldes.


Quando isso acontece, lembro na hora do apartamento da Ponta da Praia.


Lá sempre faltava água nos períodos de temporada: férias, feriados prolongados, finais de semana com sol, finais de semana sem chuva (às vezes). Sempre quando os turistas vinham aproveitar um tempo na praia, mesmo que fosse uma praia de areia dura, mar escuro e de higiene duvidosa.


(Pensem comigo... vivi lá nos anos 80... não era como é agora...)


Nessas ocasiões, minha mãe enchia baldes com água e – não me perguntem por que – meu irmão e eu tomávamos banho no tanque vermelho que havia na área de serviço.


Para nós, crianças, era fácil: a gente era posto lá, de touca e tudo, usávamos uma esponja com o sabonete para nos limparmos e, depois, nos jogavam água com o canecão para tirar a espuma.


Muitas vezes, minha mãe esquentava a água no fogão, para que não sentíssemos tanto frio. Mesmo assim, reclamávamos da água ora muito quente, ora muito fria.


Em resposta, minha mãe sempre dizia para que parássemos de frescura.


Hoje, com as leis da física dando suas caras por aqui, tive que pegar um balde para tomar banho. Com esponja, sabonete e caneca, tomei um banho frio e cheio de lembranças.


Foi o suficiente para me sentar aqui e começar a escrever sobre os banhos naquele tanque vermelho.


E o suficiente para me lembrar que não me criaram para ser fresca.


(e sobre isso, eu só tenho a agradecer)


Ribeirão Preto, 09 de setembro de 2020





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