24 de jan. de 2021

PLANO DIRETOR

 Meu caro, minha cara.


Os sonhos vão ficando cada vez mais intensos, tanto em frequência quanto em detalhes.


O de ontem foi assim:


Sonhei que caminhava pelas ruas de um bairro, cuja avenida principal já havia sido palco de outros sonhos. 


Procurava por um novo lugar para morar.


Nas ruas próximas à avenida, um rapaz me falou: "olha, alí há apartamentos para alugar". Fui ver onde ficava a entrada e vi que ela se confundia com a de um parque cheio de fontes e piscinas.


Dei a volta e, antes que me desse conta, já estava em um dos prédios do conjunto, com uma chave na mão, tentando a sorte em um dos apartamentos indicados como vazios.


Mas aquele não estava.


Aquela não era a entrada principal, mas a de serviço. Um apartamento sujo, pouco iluminado, com diferentes níveis e - pasmada - vi que todos os cômodos eram dispostos como braços de uma espiral. Embora ele estivesse ocupado, não haviam moradores ali - haviam invasores. Gente pobre, produzindo algo ilegal, a mando de gente maldosa, ostentando uma vida impossível.


A partir de então o sonho foi um absurdo atrás do outro, uma angústia atrás da outra, até o momento do "basta", marcado por grande violência.


Consegui sair. Alí não haveria lar algum.


Consegui uma casa, distante dali, numa rua tranquila. Casa simples, mas era minha. Até que o festival de absurdos volta até tudo seguir para uma grande violência novamente.


Desta vez, fiquei sem casa e não consegui achar saída dessa cidade cheia de enigmas, que eu só acesso quando durmo.


(...)


Nesta cidade, já vi guerras, feras soltas, levas de pessoas doentes, abrigos pobres e frágeis e inacabados. 


Quem desenhou essa cidade o fez de um jeito que, dela, eu não sobreviveria.


Ribeirão Preto, 23 de janeiro de 2021.




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