Meu caro, minha cara.
Saio do trabalho e olho para o céu. Já está escuro e a lua se parece com aquela da bandeira da Turquia. Vou para minha casa.
Faço o retorno por debaixo do viaduto e vejo a casa. Ela é feita de terra, passarela, viaduto, tapume e cobertor. Outro dia, os moradores varriam a terra, enquanto uma fogueira improvisada esquentava o almoço.
Aquela casa também tem quartos. Pelo que vi, são dois, feitos de compensado e cobertor. Durante o dia dá pra ver os colchões feitos de papelão. À noite não dá pra ver nada, por a porta é fechada com a coberta presa como varal.
Durante dia e noite, muitas pessoas passam por aquela casa. Passam à pé, bicicleta e moto para ir e vir dos empregos.
Acho que os moradores também têm seus empregos, mas diferentes...
Chego em casa e reclamo coisas do trabalho. Tomo banho e sento no sofá. Daqui eu vejo a lua da janela do meu quarto.
Do quarto daquela casa de viaduto não há janelas para a lua...
Ribeirão Preto, 30 de setembro de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário