12 de fev. de 2020

"RECLAME AO GERENTE"

Meu caro, minha cara.

Meu primeiro trabalho foi num banco. Fiquei lá dois anos e meio e fui promovida duas vezes: a primeira eu saí do atendimento Pessoa Física e fui para Pessoa Jurídica. A segunda vez eu sai da cidade em que meus pais moram e vim para a cidade que estou hoje.

Vim parar no segmento com a maior carteira de contas jurídicas do banco.

E chutei tudo poucos meses depois para trabalhar com RH.

(mas isso é outra história)

Enquanto estava na agência da cidade dos meus pais, haviam dois dias no mês que eram verdadeiras operações de guerra: 5º dia útil e dia 10. Blindávamos a entrada da agência para que o menor número de pessoas possível fossem até aos caixas internos, direcionando tudo o que podia para os caixas eletrônicos e correspondentes bancários.

Mesmo assim, era um pequeno inferno.

(mas isso também é outra história)

Uma coisa que era comum nesses dois dias, todos os meses, eram as filas.

E as pessoas reclamando na filas.

Pois elas reclamavam para as outras pessoas nas filas.

Nunca para a gerente da unidade.

(...)

Durante a faculdade (mas mais ainda durante a terapia) ficou muito claro - para mim, pelo menos - o funcionamento de um comportamento masoquista.

O prazer pelo sofrimento...

...querer e não ter...

...semear um deserto com boas sementes...

...arar praias...

...investir em buracos emocionais...

...reclamar baixinho para que ninguém te escute...

...e ter o prazer de ter sempre sobre o que falar...

(...)

Acho o sofrimento tão previsível, não?

O gozo não é previsível. Você não sabe quando ou o que vai te fazer te despertar para a alegria, a satisfação... nem mesmo quando você está transando você sabe se vai gozar ou não...

O gozo dá trabalho...

...mas o sofrimento...

...é satisfação garantida...

Ribeirão Preto, 12 de fevereiro de 2020.


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