26 de ago. de 2020

"PROMETO ORGASMO!"

 Meu caro, minha cara.


Partindo do princípio que estou numa fase saudosista e intimista, me pego pensando no passado e me deparo com a seguinte situação.


Era 1998 e eu tinha 16 ou 17 anos. Estava no laboratório de eletrônica do colégio e, na minha bancada, estava a minha melhor amiga e o cara que viria a ser seu marido. Na bancada atrás da gente tinha o cara que me deu meu apelido, o cara que faz aniversário no mesmo dia que eu e o cara que fritou o cérebro de tanto cheirar cola.


Pois bem: a aula estava um saco e um milagre estava sendo operado alí, porque eu estava conseguindo fazer os exercícios junto com o povo. Terminamos os exercícios com os resistores e ficamos conversando os seis. 


Papo vai, papo vem e, como todo bom grupo de adolescentes à toa, o assunto descambou para sexo. 


Na época, tanto a minha amiga quanto eu éramos virgens, e a gente tinha a ideia que a nossa primeira vez seria uma coisa legal, com alguém que a gente gostasse, etc. Sabendo disso, os meninos (o que faz aniversário junto comigo e o que fritou o próprio cérebro) começaram a usar todas as cantadas idiotas que os homens dão para "se dar bem" com a gente.


"Prometo ser carinhoso..."

"Vou com cuidado..."

"Se quiser vai ser só a cabecinha..."


E rimos à larga!


Até que chegou o momento em que não haviam mais "argumentos" a serem dados. Foi nessa hora que o cara que fritou o cérebro praticamente gritou:


"PROMETO ORGASMO!"


Aí o negócio desandou de vez: o cara que faz aniversário junto comigo protestou, dizendo que é impossível, pois a mulher tem que conhecer o próprio corpo, que tem que fazer de um jeito XYZ para não traumatizar, porque "teve uma vez que eu peguei uma garota..."


Já o cara que fritou o próprio cérebro disse que "sempre conseguiu satisfazer todas as mulheres que estiveram com ele", e a tréplica já foi logo um "orgasmo fingido não vale" e o nível só desceu mais e mais.


Minha melhor amiga, o cara que viria a ser marido dela, o cara que me deu meu apelido e eu ríamos do absurdo daquela cena.


Hoje, pensando nela com a distância do tempo, da experiência e da memória, eu penso que meu riso não era só porque essa foi uma história engraçada, mas porque foi a primeira vez que eu pensei que alguém de carne e osso poderia compartilhar um momento tão importante quanto a descoberta da própria sexualidade.


Na época eu não entendia o que eu entendo agora.


Porém, quando chegou o momento, eu fugi e não vivi isso com alguém realmente especial...


Ribeirão Preto, 26 de agosto de 2020.


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