17 de set. de 2019

NOS OLHOS DOS OUTROS...

Meu caro, minha cara.

Já dizia o ditado: "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".

Tudo porque minimizamos a experiência do outro, principalmente quando é uma experiência negativa.

"Não é tão ruim assim..."
"Isso não é dor, eu manha!"
"Não consegue? Precisa se esforçar mais."
"Fez porque quis. Agora aguenta!"

Esse é um prazer muito sádico.

Por que digo tudo isso? Porque quero empurrar a filha da puta da minha vizinha da escada, em resposta à pimenta que ela colocou nos meus olhos.

A causa disso tudo? Nem vale a pena contar. Seria um rosário de reclamações sem sentido, desfiando o tempo e a paciência de quem lê.

Quem levantou a bandeira da paz foi meu marido. Levantou para mim, porque pra'quela vaca, eu quero mesmo que um galão de ácido caia na cara dela.

Mas meu marido pede paciê... Minto: ele pede inércia. "Pelo menos por hoje, não faça nada. Só por hoje".

Como no mantra dos Alcoólicos Anônimos.

Não fiz nada e não vou fazer.

O que fiz foi bem o oposto: lembrei de um vídeo que recebi de um pastor falando sobre o amor ao próximo. A grande incapacidade do ser humano em interpretar o que é esse "amar ao próximo" que Jesus tanto falava.

"Não é gostar do próximo. É lembrar que esse 'próximo' que  você odeia também é um ser humano, que tem uma história, dilemas, defeitos, qualidades, características, limitações e talentos. É lembrar que meu ódio não dá direito a tirar daquela pessoa a sua humanidade".

(Não foi exatamente isso que ele falou, mas o sentido é esse aí)

Resumo do texto? Eu luto por poder amar ao próximo, mas eu odeio amar ao próximo.

Ribeirão Preto, 17 de setembro de 2019

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